terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sociedade e Internet


Cada vez mais nos tornamos mais dependentes da tecnologia e da internet. Smartphones, ipads, notebooks, GPS, PCTV, dentre outros são apenas alguns exemplos de que estamos cada vez mais conectados às informações e entretenimentos da rede. A pergunta que lanço é a seguinte: Estamos preparados para todas estas possibilidades da internet? Quantos porcentos utilizamos de toda capacidade que esta ferramenta nos oferece? A população sabe usá-la?

A internet oferece conteúdo de todos os tipos para todos os gostos. A mesma internet da revolução digital atende aos interesses do mundo capitalista e vice-versa. Aos olhos dos internautas libertários, lá no início da grande rede no Brasil, por volta de 1995/6, a capacidade de troca de informações e publicação de sites, apontava para tempos melhores politicamente. Existia assim, este espaço onde poderíamos criar e escrever nossas idéias, trocar experiências, conhecer pessoas de lugares diferentes, cidades, estados e até países. Acessar jornais, portais e aumentar o nível de informações que tínhamos quando dependíamos exclusivamente de jornais impressos e das notícias de TV. Notícias e fotos do mundo do Rock eram iguarias para quem possuía internet em seu computador.

Quando comecei a me interessar por leitura e o acesso aos clássicos da literatura era algo raro nas livrarias de Campos, a internet era a própria biblioteca com um vasto universo e campo de pesquisa em minha adolescência sobre Ditadura Militar, Socialismo x Capitalismo, Revolução Russa, Movimento Hippie, Contracultura, Beatniks, Jim Morrison, etc. Tudo isso na época em que o acesso a internet era exclusivamente pela Faculdade de Direito de Campos e discado. Levava-se, às vezes, horas para se conseguir conectar. Existia um número limitado de pessoas que podiam-se conectar, então se estivesse lotado era preciso esperar alguém "cair" ou desconectar-se da internet. Aquele barulhinho infernal do computador se conectando por conexão discada era música para os ouvidos naquela época. Isso porque só podíamos conectar depois da meia-noite ou domingo, quando contava-se 1 (um) pulso telefônico, para a conta de telefone não vir cara.

Anos depois chegou em Campos os primeiros números da coleção (mal traduzida) Martin Claret. Lembro que custava algo em torno de 7 reais. Foi uma febre entrar na Noblesse e gastar mais de 100 reais com os clássicos da Martin Claret. Já não se dependia exclusivamente da internet para este tipo de informação. Entretanto, as possibilidades da web ainda eram muitas. Baixar uma música levava quase 1 hora, mas valia apena. E as ideias fervilhavam na cabeça com as possibilidades da rede.

Hoje temos as Redes Sociais, Google Earth, Twitter, Blogs, programas de troca de arquivos, banda larga e parece que a sociedade ainda engatinha com a internet. As eleições vêm e vão e nada muda. Não há organização e maior politização das pessoas. As pessoas não passaram a ouvir músicas boas, continuam dependentes das músicas que tocam na TV ou na rádio local.

De fato ficou mais fácil de organizar movimentos sociais. Fiz parte do Movimento Estudantil já em tempos de internet, com grupos de discussão e troca de e-mails com militantes de outras universidades. Ainda não tinha Orkut naquela época. Fazíamos encontros e reuniões em outras cidades e estados. Difícil imaginar como se fazia Movimento Estudantil na década de 70 sem internet e celular.

As redes sociais (Orkut especificamente) permitem as pessoas a se conectarem com pessoas que possuam os mesmos interesses. Antigamente era possível no mIRC ou em chats. No mIRC podía-se criar salas específicas por assuntos, convidar pessoas e ali ser um espaço para um debate específico.

O Orkut vai além ainda, permitindo que antes de você viajar para algum lugar possa descobrir pousadas ou lugares interessantes de ir, além de perguntar diretamente às pessoas que fazem parte da comunidade. Porém, algumas comunidades mal tem fóruns ativos sobre tal lugar ou quando tem sempre aparece alguém para atrapalhar a discussão. Vide a comunidade de Campos dos Goytacazes.

Há algum tempo o Estado forneceu notebooks com internet aos professores para utilizarem o computador em sala de aula e para pesquisa. O engraçado, para não dizer trágico, é que muitos professores não sabiam sequer como usar este computador. Não faço ideias de como são as aulas hoje no Ensino Médio, mas imagino que poderíam ser muito interessantes com todos os recursos que a internet proporciona.

Sou totalmente a favor dos downloads e da troca de arquivos como forma de se disseminar a cultura. Não compro CD há mais de 10 anos. Abandonei as locadoras de vídeo quando o seriado Lost lançava sua 2º temporada (2005/2006), pois estava ficando caro alugar aquele monte de DVD e não dar conta de assistir. Optei por baixar da internet. Ainda hoje quando comento sobre minhas séries preferidas ouço algumas pessoas: "Ah, mas isso passa em que canal? Lá em casa não pega esse...".

A poderosa rede ainda é pouco explorada. Fico imaginando como seria pra mim ainda estar limitado ao que os meios convecionais podem me oferecer de informação. Ler bestellers, assistir a programação da TV aberta aos domingos, ouvir o pagode ou os sertanejos das rádios locais, ir à igreja, consumir o que é convencional, etc.

A internet está cheia de documentários que nunca irão estar disponíveis em locadoras da nossa cidade, livros, blogs, séries, filmes e música que não estão em nenhuma prateleira num raio de 300 km de nossa cidade. Algumas coisas com muito custo se achará nos grandes centros. As comunidades no Orkut deveriam ser espaço de troca de informações, críticas e sugestões aos restaurantes, lojas, bares, políticos, escolas, universidades, empresas, lojas, supermercados, produtos, etc. Vê-se que muito pouco é feito ou mal-utilizado. Os próprios empresários nem sabem como utilizá-la. Não possuem site, não querem ouvir a opinião dos consumidores, não tem sequer fotos.

A internet pode servir para milhares de coisas, não só para entretenimento. Como mencionado no início, da organização de movimentos sociais, culturais, libertários e políticos aos interesses de empresários e corporações. Por não possuir uma censura prévia, a internet está muito mais do lado do povo do que do capital. O problema é que nem o povo nem os empresários sabem como melhor utilizá-la. Existem muitos ativistas na internet, blogs ativos, comunidades, etc. O interessante é perceber nas pessoas "normais" à nossa volta o quanto disso tudo já ou ainda não afetam à elas. Talvez o dia em que houver este tipo de efeito, estaremos mais seletivos quanto às nossas escolhas e com os pés no chão, caminhando e andando de cabeça erguida em nossa sociedade.

Um comentário:

márcio de aquino disse...

Seus comentários são bem pertinentes. A internet nos oferece mecanismos e possibilidades, que o usuário médio não utliza, por desinformação, desinteresse, falta de tempo, etc. Cada um segue suas necessidades, e usa a grande rede da forma que mais atende seus interesses. Eu mesmo, sei que poderia fazer um melhor uso desse mecanismo, mas também procuro não me prender a ela. Procuro não me afastar de meus livros, minhas revistas, e outras coisas que não encontro nas telas do computador. Até hoje ainda escrevo e recebo cartas, embora faça uso constante de e-mails, mensagens de sites de relacionamento, como o orkut e outros. Procuro um equilíbrio entre a era da informática e a anterior a ela.