Rock de Campos em Luto

Na manhã de domingo, horas antes de viajar me deparo com a notícia da morte de Luiz Ribeiro. O Avyador do Brazyl se despedia. Duas semanas atrás liguei para o Picadilly para saber se Luiz continuava tocando por lá, pois fazia tanto tempo que nem ia ao Picadilly nem via Luiz tocar. Seria uma boa pedida, mas não fui; Costumava sempre ir lá assistir ao show, beber uma cerveja e ouvir o som da banda. Luiz e sua voz inconfundível.

Frequentei durante bons tempos o Bicho André, onde a Avyadores costumavam tocar. Lembro também dos shows no Jardim São Benedito. "Aconteceu no 401", "Mulher Irada", dentre outras que curto daquele CD. Luiz era um blues man de mão cheia. Sua voz e guitarra eram sua marca à frente da Avyadores do Brazyl, assim como suas letras. Quem nunca parou pra pensar no que aconteceu no 401 ou se identificou tarde da noite depois de várias cervejas com a letra de "tem que estar de pé às 5 horas da manhã pra batalhar / mas penso que vai ser difícil, com esta noite tamanha". Luiz tinha poesia além de rock'n roll. O corpo morre, mas a arte, as ideias, a poesia e o rock 'n roll ficam.

Estou em São Paulo no momento, no quarto do hotel (não é o 401) e desde domingo pensando no que escrever sobre Luiz. Acabei de olhar o orkut dele, com vários recados de despedida dos amigos, algo estranho ao meu ver e muito curioso por sinal. Luiz se foi, mas o orkut dele continua ali. A página do Myspace continua no ar, as músicas também. Quem não conheceu Luiz Ribeiro ainda pode saber um pouco através da internet como era o comandante de uma das maiores bandas de Rock e Blues de Campos. A internet hoje nos proporciona esta eternidade à todos que por aqui passaram e deixaram seu registro. Os netos de Luiz e a futura geração de ouvintes do rock de Campos poderão conhecer um pouco dele, suas fotos, música, amigos, comunidades, etc.

Luiz sempre levantou a bandeira da cultura e do rock 'n roll. Se interessava por contracultura e tinha sempre opiniões e posicionamentos quanto a cultura, as bandas e a cena rocker de nossa cidade. Alguns dos debates podem ser vistos na comunidade do orkut: "Rapadura na Gengiva" entre 2006 e 2008. Ficam os registros e as ideias de Luiz.

Fui à vários shows da Avyadores não só por aqui, mas no Farol também quando mais novo. Ia e às vezes não tinha nem como voltar. Pegava chuva, dormia na rodoviária, voltava quando amanhecia. Mas valia à pena. Os shows da banda eram sempre bons e sempre Luiz estava disponível para um bate-papo e uma cerveja. Uma pena não ter ido duas semanas atrás ao Picadilly, mas a memória e obra de Luiz continuarão por um bom tempo entre nós e na história do Rock de nossa cidade.