quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mutantes II no Lord

A Betinho Assad Power Trio repetiu no último sábado o Tributo aos Mutantes no Lord Pub. Pra quem não pode ir à apresentação feita especialmente para o projeto Irreverência da Tropicália, do SESC, teve a chance de ver uma excelente apresentação do trio e de Thiago Azevedo, da banda Vibratto. A releitura das músicas e a adpatção do vocal de Thiago demonstraram o alto nível da apresentação. O frontman da Vibratto cada vez mais se destacando entre os melhores vocalistas da cidade.


Os últimos tributos dos últimos meses, todos foram ligados aos projetos do SESC e desta vez houve um repeteco fora de lá. Os dias escolhidos pelo SESC durante a semana nem sempre privilegiam a todos, e levar o show a outros locais, principalmente nos finais de semana, é uma forma de não só dar a oportunidade a outras pessoas assistirem ao show como também diversificar um pouco a programação bluseira e de rock'n roll da nossa cidade.


Seria interessante que as bandas tivessem sempre essa "carta na manga", para evitar, às vezes, apresentações repetitivas. Fica a dica e aguardemos aos próximos shows e tributos. E já que estamos falando em tributos, um tributo ao grande Ozzy Osbourne não seria nada mal. Alguém tem dúvida se Thiago daria conta do recado?

6 comentários:

Israel disse...

Não tenho dúvidas de que o Thiago daria conta de cantar músicas do Ozzy, mesmo com um timbre de voz bem diferente. Há de se ressaltar que cantar músicas do Ozzy não é tarefa fácil.
Entretanto, o meu lado provocador questiona a legitimidade destes tributos, em evidência na cidade recentemente. O caso dos Mutantes e Tropicália me parece algo temático e que foi viabilizado através de uma parceria entre a Betinho Assad P.T e o Thiago, como convidado. Não assisti ao show mas sei que a repercussão foi a melhor possível.
Mas em geral tenho observado que estes shows em formato de tributo estão se tornando formas convenientes de atrair público para eventos de música não tão populares na cidade, como o caso do rock e blues. Convenientes principalmente para quem promove o evento, (fundações, prefeitura, SESC, etc.) pois a divulgação de um tributo a um artista consagrado permite uma maior abrangência e parece diminuir os riscos do evento se tornar um fiasco. Os artistas embarcam nestes projetos muitas vezes a partir de um convite ou até para não deixar escapar a oportunidade, tão escassa na cidade para os estilos citados.
Para mim soa como um contra-senso, pois a provocação deveria vir dos artistas, através de um trabalho autêntico, de preferência autoral, que tivesse mérito. Caberia a equipe de produção ou fundação de fomento apenas viabilizar a realização e divulgar. No caso do SESC o que me intriga é que estes eventos são a fundo perdido, ou seja, não visam lucro algum, já que tem entrada gratuita. Por que não investir e incentivar também as bandas e artistas com trabalho autoral?
Infelizmente, o que tenho observado é exatamente o contrário, músicos cedendo a este tipo de ‘tentação’, sendo que alguns, embriagados pelo próprio ego, chegam até a correlacionar a magnitude de seu talento com a capacidade de emular artistas consagrados.
Enfim, não sou de forma alguma contrário que bandas façam tributos a outras bandas, pelas quais tenham se influenciado. O que gostaria de fato é que estes eventos fossem espontâneos e não se tornassem um atalho para as bandas obterem visibilidade. Campos está repleta de músicos e artistas talentosos e criativos. Gostaria de ver m4is cultur4 e um pouco menos do puro entretenimento.

agitadorcultural disse...

O problema é que a grande maioria dos músicos/artistas não se engajam e nem querem esse tipo de coisa. Tocar pela prefeitura e ganhar "um" todos querem. União no meio "rocker" nunca vi. Vejo cada um conseguindo o seu e não divulgando muito para não perder a "bocada". Quanto aos tributos, concordo plenamente que deveria partir dos artistas/músicos. Seria mais legítimo e não se resumiria apenas a um trabalho realizado para tal instituição. O que não entendi bem foi a referência aos eventos "a fundo perdido", que não visam lucro. Não acho que os eventos tenham que gerar lucro. A legitimidade do evento em si é divulgar cultura. Principalmente quando o evento é no SESC e os convidados/bandas apenas executam aquilo que é proposto como convite. O SESC ainda é um dos poucos locais, se não for o único a fomentar cultur4, inclusive valorizando as bandas locais. Quanto a visar lucro, mais uma vez, concordaria com você se fosse uma coisa batalhada pelas bandas ou organizadores. Mesmo assim, essa é uma questão (lucro x cultura) que renderia ainda um bom caldo para um post.

Phill Bega disse...

Israelito,

Concordo com você em vários pontos, porém, na minha opinião, os ditos tributos não perdem em autenticidade para outros shows de repertórios de covers variados. O tributo é uma forma, sim, de atrair o público, demonstrando um conteúdo diferenciado do que se ouve por aí, além de valorizar a versatilidade dos músicos envolvidos. No caso do nosso Tributo, tentamos colocar nossa identidade musical de três instrumentos e convidamos um puta vocalista de uma autenticidade ímpar para a leitura de canções tão plurais quanto as dos mutantes (até porque seria uma perda de tempo tentar emulá-las).
Em relação ao Sesc, acho super válida a ideia de fomentar os projetos temáticos, pois divulga a cultura em todas a suas vertentes artísticas: história, moda, cinema, música e por aí vai...
Quanto aos "eventos a fundo perdido", isso está pra mudar. Segundo a idealizadora do Projeto Tropicália, queriam cobrar uma taxa de 12 reais para os shows no Espaço plural (saiu até na revista do SESC e o próprio Agitador divulgou aqui no M4is).
Talvez tenha esse sido o último show gratuito no local... Espero que não, pois se tornará um 'evento a fundo achado' para o bolso de alguém, uma vez que os artistas recebem um cachê fixo, com desconto de ECAD e outro imposto...
O show do Lord foi organizado de última hora em função de Betinho ter ficado rouco na hora de passar o som; mas, sinceramente, acho uma pena o trabalho que tivemos para construir o repertório (Betinho e Thiago não conheciam nada dos Mutantes) se resumir a somente uma apresentação...

Israel disse...

Quem bom que aceitaram minha provocação!
Eu quis apenas propor o debate de ideias em torno desta onda de tributos. Obviamente que minha posição é um tanto quanto radical, mas quem me conhece já sabe disso. As questões levantadas pelo Agitador, sobre a (falta de) união e valorização do meio ou cena rock da cidade talvez seja o nosso grande limitador nisso tudo. Concordo com Begão sobre os shows baseados em covers variados. Pra mim está claro que o caminho pra evolução das bandas da cidade é a produção de material próprio. Os covers deveriam ser uma alternativa apenas para diversificação de repertório e para ‘temperar’ uma apresentação.

A questão central que ponho em discussão é esta fixação em tributos! Hoje mesmo li a respeito de uma nova sequência de tributos no Sesc(sugestão de pauta para o M4is Cultur4). Tributo ao Cazuza, tributo ao U2, até tributo ao “rock internacional dos anos 90” está no projeto. Notei ainda que as bandas que vão se apresentar já tem forte influencia destes artistas e inegavelmente tocam suas músicas em shows regulares. Parece que o título “tributo” passou a ser algo compulsório para a realização de eventos musicais no Sesc. O Agitador pode argumentar que é um festival temático e o objetivo é divulgar a cultura.

Não sou contra a realização destes projetos temáticos, mas gostaria que este espaço que o Sesc tem mantido aberto para o rock e ritmos afins não ficasse restrito a shows no formato de tributo. A respeito da questão ‘a fundo perdido’, nunca afirmei que eventos culturais devam necessariamente gerar lucro. Quiz dizer que seria justificável uma casa de shows privada investir em shows no formato de tributos, por acreditar em melhor retorno financeiro. Mas esse não me parece ser o caso do Sesc, que poderia investir em eventos culturais diversos, desde que fossem culturalmente relevantes.

Infelizmente, o que eu tenho observado é que os músicos e bandas da cidade estão ficando cada vez mais reféns deste formato de show.

Phill Bega disse...

"Obviamente que minha posição é um tanto quanto radical, mas quem me conhece já sabe disso."

Já ouvi vc dizendo uma vez: "Tributo de cú é rola!!!!!!" KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!!

Israel disse...

Begão, essa pérola pertenceu a outro contexto, bem diferente deste apresentado aqui, ligado nossa querida prática política pós-eleitoral. O tributo em si era um mero coadjuvante. Mas valeu pela lembrança, já tinha me esquecido disso. Abç!